Marina já ao nascer recebeu dos pais o nome que lhe definiria até sua morte. Quando criança, passava a maior parte do seu tempo na praia, sentindo o vento salgado que soprava de longe, do horizonte. Vento que acariciara baleias e sereias, rostos de pescadores e palmeiras de ilhas desconhecidas e trazia pequenas moléculas de tudo isso para ela, que por sua vez as capturava com seus braços abertos. Cresceu, e entrou no mar, ao encontro do que só experimentara até então com a pele: tornou-se mergulhadora profissional.
Não havia medo, não havia receio. Ela era um peixe, ou melhor, uma gaivota curiosa e sem fome, que mergulhava decisiva, não pra devorar criaturas marinhas, mas pra observá-las de muito perto, com os olhos arregalados. O mar era um território conhecido, onde se sentia a vontade e acolhida. Nadava como se fosse, também, feita de água salgada, como se, quando saísse do mar, precisasse colocar uma máscara pra respirar aquele ar tão leve, que deixava seu corpo tão pesado.
Foi contratada por um grande aquário para mergulhar ao tanque das tartarugas e bater fotografias de divulgação; ao descer, desesperou-se. Mergulhar num aquário, apesar de enorme, era muito diferente de mergulhar no mar. Era uma garrafa, uma caixa claustrofóbica, sem saida, escura; seu corpo estava mais pesado e ela desmaiou.
Seria agora hora de um herói entrar na história, alguém rápido, um bom nadador, mergulhador profissional de aquário, surgir por entre a âncora falsa decorativa, no meio das tartarugas-marinhas, ou melhor, das tartarugas-de-aquário, e salvar Marina. Mas não, ninguém veio... Como se sabe, não existe tal coisa, um mergulhador de aquário.
Não havia medo, não havia receio. Ela era um peixe, ou melhor, uma gaivota curiosa e sem fome, que mergulhava decisiva, não pra devorar criaturas marinhas, mas pra observá-las de muito perto, com os olhos arregalados. O mar era um território conhecido, onde se sentia a vontade e acolhida. Nadava como se fosse, também, feita de água salgada, como se, quando saísse do mar, precisasse colocar uma máscara pra respirar aquele ar tão leve, que deixava seu corpo tão pesado.
Foi contratada por um grande aquário para mergulhar ao tanque das tartarugas e bater fotografias de divulgação; ao descer, desesperou-se. Mergulhar num aquário, apesar de enorme, era muito diferente de mergulhar no mar. Era uma garrafa, uma caixa claustrofóbica, sem saida, escura; seu corpo estava mais pesado e ela desmaiou.
Seria agora hora de um herói entrar na história, alguém rápido, um bom nadador, mergulhador profissional de aquário, surgir por entre a âncora falsa decorativa, no meio das tartarugas-marinhas, ou melhor, das tartarugas-de-aquário, e salvar Marina. Mas não, ninguém veio... Como se sabe, não existe tal coisa, um mergulhador de aquário.