24 de dezembro de 2012

Dom Casmurro

E se a ópera não começa na primeira ária
mas sim já no solo, e depois sim vem o duo
terníssimo?

A vida, em seus mundos,
é uma ópera, viste; pode ver.
E se o tempo, nos olhos fundos,
insiste em, com mistério,
congelar, se reter,
faz-se não importar
um adultério, traição,
um beijo cortês,
um olhar matreiro.
Trair é fazer de dois três,
mas quem é o terceiro,
então?
Quem sabe eu, ou mesmo tu.
Não.
É impossível trair em amor:
Não há culpa, dor, nada se faz,
só há, no mais, Capitu.