Contra o chão da calçada o homem se arrastava e se encolhia pra se proteger das pancadas do policial. Um círculo de pessoas se formava em torno do bizarro espetáculo de violência, mas o fardado não se intimidava - na verdade o público lhe fazia aumentar ainda a convicção dos movimentos.
Batia com força, chutava com o bico do coturno o homem que, magro, sujo, de farrapos por veste e nada nos pés, não abria de jeito nenhum a mão. O punho cerrado não cedia, por mais que o policial vociferasse maldizeres e ordenasse que abrisse. A mão, por sua vez, só crispava-se mais e mais em torno da prova do crime que procurava o oficial.
A surra começou a ficar sangrenta quando entrou em cena o cassetete. O bastão subia e descia no ar, e o rosto do mendigo se desfigurava e escurecia a cada descida. Nenhum dedo da mão dele ousava afrouxar. Nenhum observador ou passante ousava ajudar, tampouco.
Eis que, depois de considerável tempo, contra o negro do chão, do sangue e da mão, que, inerte, relaxou, escapou por entre os dedos duros o segredo tão preservado: uma pequena borboleta azul voou sobre o corpo e sobre a multidão, e sumiu contra o anil do céu.
Batia com força, chutava com o bico do coturno o homem que, magro, sujo, de farrapos por veste e nada nos pés, não abria de jeito nenhum a mão. O punho cerrado não cedia, por mais que o policial vociferasse maldizeres e ordenasse que abrisse. A mão, por sua vez, só crispava-se mais e mais em torno da prova do crime que procurava o oficial.
A surra começou a ficar sangrenta quando entrou em cena o cassetete. O bastão subia e descia no ar, e o rosto do mendigo se desfigurava e escurecia a cada descida. Nenhum dedo da mão dele ousava afrouxar. Nenhum observador ou passante ousava ajudar, tampouco.
Eis que, depois de considerável tempo, contra o negro do chão, do sangue e da mão, que, inerte, relaxou, escapou por entre os dedos duros o segredo tão preservado: uma pequena borboleta azul voou sobre o corpo e sobre a multidão, e sumiu contra o anil do céu.
6 comentários:
LINDO!!!!!!!!!!!! Isso me lembra aquela história que te contei de um policial espancando um mendigo por causa de uma merdinha de um baseado. Um dia podia vir uma borboleta gigante azul e matar o policial de porrada. rs beijo
Escrevi baseado nessa história mesmo!! :)
escreve outro logo! faz tempo já
Desculpe, desculpe! :)
Adorei o post!!! Amei o blog..
bjos
http://blogamodaantiga.blogspot.com/
Ei, obrigado, Renata!
Vou visitar o seu, claro! ;]
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