Sempre recatado e tímido, uma certa vez, no ônibus, pensou, pensou e decidiu, num impulso - pois há certas coisas que, para fazê-las, há de enganar a si próprio ou não se deixa fazer, reprime-se; decidiu e, antes que pudesse pensar o contrário, levantou-se e apoiou na catraca, na frente do ônibus.
Atenção - disse em voz alta - todos! Nunca falei nada em público, mas estou precisando me testar. Precisando testar a mim e ao mundo, precisando saber que vocês também pensam como eu: que a vida é uma trama de conexões e desconexões, o cotidiano é uma rede de desconhecimentos, uma trança de histórias que se perpassam, ainda que não se tenha idéia de que isso ocorra, ou ao menos idéia de quais são essas histórias e de quem são os sujeitos dessas histórias. É incrivel, pensem, como nossas histórias estão interligadas por esse episódio, e como talvez já tenham se encontrado antes, quem sabe depois, mas ainda assim nós não nos conhecemos nem talvez nos conheceremos... E mesmo se nos conhecêssemos no futuro não lembrariamos uns dos outros! Não é incrível pensar nisso e saber que isso acontece o tempo todo à nossa volta?
Silêncio, depois balbúrdia. Ninguém prestou muita atenção no que ele - que foi sentar, vermelho - disse, mas não lhe fez diferença: nunca mais voltaria a encontrar nenhuma daquelas pessoas.
Atenção - disse em voz alta - todos! Nunca falei nada em público, mas estou precisando me testar. Precisando testar a mim e ao mundo, precisando saber que vocês também pensam como eu: que a vida é uma trama de conexões e desconexões, o cotidiano é uma rede de desconhecimentos, uma trança de histórias que se perpassam, ainda que não se tenha idéia de que isso ocorra, ou ao menos idéia de quais são essas histórias e de quem são os sujeitos dessas histórias. É incrivel, pensem, como nossas histórias estão interligadas por esse episódio, e como talvez já tenham se encontrado antes, quem sabe depois, mas ainda assim nós não nos conhecemos nem talvez nos conheceremos... E mesmo se nos conhecêssemos no futuro não lembrariamos uns dos outros! Não é incrível pensar nisso e saber que isso acontece o tempo todo à nossa volta?
Silêncio, depois balbúrdia. Ninguém prestou muita atenção no que ele - que foi sentar, vermelho - disse, mas não lhe fez diferença: nunca mais voltaria a encontrar nenhuma daquelas pessoas.
3 comentários:
Se eu pudesse seria amigo de verdade de todos no mundo daria carinho amor a todo mundo eu tenho serios problemas com que vivemos todos os dias, termos tantos a nossa volta, mas na verdade estarmos tão sozinhos, eu não quero prender ninguém a mim, mas realmente desejo levar comigo um pouquinho do mundo, quando lá na frente eu olhar pra trás vou ter o orgulho dizer que tive muitos amigos.
Entendo e compartilho o desejo do cara do conto, mas sei lá acho que não conseguiria ter tantas pessoas pra me preocupar isso iria me sufocar com o tempo mas eu ia gostar muito mesmo que fosse só por um tempo.
Mas ele não quer necessariamente se relacionar com todos.
Ele só quer que eles saibam o que está acontecendo em volta e que entendam o quão incrível o cotidiano pode ser, ainda mais quando se mora no mesmo lugar que outras milhões de pessoas.
Quais as probabilidades de encontrar a mesma pessoa duas vezes por acaso?
Agora que reparei que escrevi dois posts seguidos cujos cenários eram ônibus. Acho que é porque eu tenho muito tempo pra pensar quando ando de ônibus.
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