12 de janeiro de 2010

Sadismo sentimental

Estive a observar a cachoeira por um longo tempo. Toda a água caente, interminável, da pedra - quem, por um momento, pensaria que tal rocha pudesse verter água? -, não me deixou outra escolha. A cascata forma, aqui embaixo, um poço, um pequeno espelho d'água, onde me apraz nadar.
Ela, entretanto, continua lá em cima, do alto da cachoeira, a fonte. Estive a olhá-la por um tempo, silente, mas ainda não pude fazer tão difícil escolha: continuo a nadar no belo lago formado pela queda d'água ou faço com que ela, a pessoa que está lá em cima, deixe de chorá-la?

23 comentários:

Ferreira, Lai disse...

mas o choro da cachoeira não é triste todas as vezes.
aliás, acho que nem tem isso de triste e feliz, cachoeiras estão além.

Daniel Gaivota disse...

Acho que sim, pela minha vasta experiência recente com cachoeiras.
Mas pelas experências antigas, prazer em cachoeiras de choro (aliás, não sei por que agora falar tanto de lágrimas) é meio cruel. Pelo menos sádico.
Mas de fato, nem triste nem feliz, nem bom nem ruim. Só bonito, acho.

Luiz Ribeiro disse...

fica nadando, é a vida.

Beatriz Fig disse...

Do movimento de revolta, ela cai (ou chora) e fica na calma. Calma essa que nos acalma e nos energiza (imagino pq ainda não tive a oportunidade de ficar parada viajando embaixo de uma de suas "lágrimas".

=)

B. disse...

Um enredo recorrente nas diversas lendas e mitos é a história onde acontece a morte ou fim trágico do personagem principal (ou de seu sonho ou amor), ele chora sobre a terra, e dali brota vida. Uma árvore, um fruto, uma flor.
Pra mim, a sua visão da cachoeira que chora, faz lembrar esse paradoxo que é o sofrimento, parte da vida, um processo sim, de morte, mas tbm de renascimento.


Só pra constar adoro esse enredo. Tive q comentar hahaha bjos

Ferreira, Lai disse...

É, acho que não tenho a vibe da cachoeira triste. =s

(slasmsi)

Anônimo disse...

Faz merda depois fica chorando...

Ferreira, Lai disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Igor Dorneles disse...

Eu acredito que o anônimo aqui de cima iria ganhar uma resposta, engraçado como eu repudio covardes que usam de mascaras para ofender, apesar de concordar com ele, e dizer além, eu simplesmente detesto essa arrogância de atribuir humanidades a coisas que são superiores a isso, a cachoeira não tem a necessidade da tristeza ou da alegria como nós, reles humanos temos, por isso seu choro é gracioso, logo o triste era o observador, que ousa atribuir esse estado à cachoeira. Então meu amigo quando quiser expor suas idéias felinas e ofensivas pelo menos enfrente as conseqüências dessa ação, ou cale e mantenha-se escondido a margem como um rato pelego deve ficar.

Daniel Gaivota disse...

Cara, eu estou me sentindo um péssimo escritor agora. Ninguém entendeu nada. Talvez apague esse post.

Sério, ninguém, ninguém mesmo entendeu que a cachoeira NÃO É uma cachoeira?



E ninguém entendeu (ô sr(a). "Anônimo(a)") que não sou eu que fico chorando, embora eu claramente me sinta estranho por sentir prazer no choro da(s) pessoa(s) em questão?
Leia além das palavras, mesmo estando ressentido(a). Você pode fazer melhor que isso. Sempre fez.




O fato é, Lai do comentário excluído, que esse anônimo não é o Anônimo, ele não escreveria algo tão frugal assim - sei disso porque eu mesmo não escreveria também.
Mas talvez você também saiba disso (já que você não escreveria também), e por isso tenha deletado o comentário. Certo?



E Igor, como disse ali em cima, o texto não é uma prosopopéia, é uma metáfora. Não falo de cachoeira, falo de choro (alheio). Não falo de nadar, falo de me divertir, ou ao menos aproveitar de algum modo o choro dela.

Não é arrogância de atribuir humanidades à cachoeira, é, pelo contrário, admitir que algumas coisas humanas só podem ser exprimidas por coisas "superiores a isso", pra usar suas palavras.

E ah.. Não seja tão duro com a(o) Anônima(o). Ela(e) tem seus motivos pra tentar não se revelar, embora tenha falhado.. :)

Igor Dorneles disse...

Daniel calaboki e deixe que eu faça a minha interpretação do seu texto.


Eu achei que peguei leve com noss@ amig@ mascarad@

Daniel Gaivota disse...

Hauhauha.. ok, ok, desculpe interferir. O texto não é meu, afinal. Nenhum texto é de ninguém. :)

Anônimo disse...

São tantas, essas suas cachoeiras.

Daniel Gaivota disse...

Sim, já fiz muita gente chorar. :\

Ferreira, Lai disse...

Acho que isso de 'todo escrito (ou produção textual, ou seja lá como você quiser chamar) tem que ser universal incomoda.

Ferreira, Lai disse...

Adicione um 'fecha aspas' ali, depois de 'universal'.

(Pra vocês verem que eu não apago comentários.)

Daniel Gaivota disse...

Apaga sim, aquele apagado lá em cima é teu.
(eu recebo os comentários por e-mail.. MWUA HA HA!)

Cara, nessa eu concordo com você, mas concordo mais com o Anônimo.. Acho que nem toda "produção textual" tenha que ser sobre o universal.

Mas pensa assim: se eu for escrever com a intenção de que alguém leia, não faz sentido escrever sobre uma impressão subjetiva minha. Mesmo que eu queira explicar um estado de espírito meu, e exclusivamente meu, preciso recorrer a alguma coisa que faça parte do universo da pessoa pra transmití-lo.

Se eu for escrever subjetividade, muito pouca gente vai entender o que eu escrevo, então deduz-se que seja um texto pra si mesmo... Maaaaas eu tenho a teoria de que NINGUÉM escreve NADA que não queira que alguém leia. Logo, não faz sentido, pra mim, escrever nada que seja pura subjetividade - e talvez afastar-se o máximo possível disso seja valoroso.

Hm. De qualquer jeito, o Anônimo não tem dado as caras. Ou desistiu de mim ou eu me tornei um bom escritor. Haha.

Ferreira, Lai disse...

Não sei. É um ponto de vista interessante. Mas eu acredito que você pode escrever significando alguma coisa e quem lê, entender que signifique outra. Bem, acho que é isso que sempre acontece.
Tá, nem sempre.


E talvez você só esteja meio irreconhecível, Daniel; daí o Anônimo não sabe o que fazer.
Ponto pra você, eu acho. Confundiu o Grande Anônimo, né?

Daniel Gaivota disse...

Acho que sim. Acabou por W.O.: Nenhum dos dois compareceu à luta.


Mas eu não achava que ele era grande não, me parecia mais uma pessoa franzina. Provavelmente uma mulher.

Ferreira, Lai disse...

Esse texto diminuiu ou foi impressão minha?

Daniel Gaivota disse...

Talvez você é que tenha aumentado.
Fica comendo coisas com etiquetas, dá nisso!

(substs)

Anônimo disse...

Sempre acho que esse texto é sobre mim. E tudo bem achar, certo? Ainda que não seja...

Daniel Gaivota disse...

Tudo mais do que bem, principalmente se eu te fiz chorar.

Provavelmente seja sobre você mesmo..